Fantasia: imagem fantástica, espírito, ideia, ficção. Seja qual for a definição que encontremos para a palavra, na realidade ela será sempre um capricho da nossa imaginação. Mas maravilhoso é o facto de existir sempre a possibilidade de se realizar.

23 maio 2007

Lua

Olho para ela agora que descansamos. Ela ilumina o teu rosto que descansa na almofada depois da explosão. O traço moreno e forte do teu queixo desenha uma forma estranha mas sensual na alvura da almofada. Sinto o fogo queimar dentro de mim, o mesmo fogo que uns momentos antes me fundia em ti. É hora de descansar, mas o meu corpo não segue as regras: quer ficar a contemplar a beleza que se estende ao seu lado, quer absorver toda a intensidade que emanas. É inevitável o momento da separação, mesmo que esta seja momentânea. O meu corpo pede já que voltes para junto dele. Quando é o reencontro?

20 maio 2007

Fome de ti

Hoje acordei ainda com mais fome de ti...

Os Cinco Sentidos

São belas - bem o sei, essas estrelas

Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho amor, olho para elas;
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - a ti!

Divina - ai! sim, será a voz que afina

Saudosa - na ramagem densa, umbrosa.
Será; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
Senão a ti - a ti!

Respira - n'aura que entre as flores gira,

Celeste - incenso de perfume agreste.
Sei... não sinto: minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti - de ti!

Formosos - são os pomos saborosos,

É um mimo - de néctar o racimo:
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão... mas é de beijos,
E só de ti - de ti!

Macia - deve a relva luzidia

Do leito - se por certo em que me deito;
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti - em ti!

A ti! ai, a ti só os meus sentidos

Todos num confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte,
Será morrer por ti.

Almeida Garrett

18 maio 2007

A vida é como uma viagem

Sempre encarei a vida como uma longa viagem. Um dia descobri este poema de um grande escritor português e achei que era a tradução mais exacta que alguma vez tinha lido (ou escrito) sobre aquilo que penso da vida.

A viagem

"Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...

(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).

Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar."

Miguel Torga

17 maio 2007

Acto Primeiro - Cena I

Yupy!!! Estreio hoje a minha incursão no mundo bloguista.
Tal como uma bailarina que ensaia para o grande espectáculo, também eu vou errando e acertando os passos do bailado que é o meu pensamento.
Por esta sala de ensaios passarão nomes conhecidos e outros menos conhecidos; textos poéticos e outros mais brejeiros; fotos artísticas e outras de ocasião. Serão sempre os avanços e recuos na grande produção que é a vida nunca esquecendo que a fantasia tal como comanda um bailarino em palco, nos orienta toda a nossa vida. Ou pelo menos devia ser assim…