Fantasia: imagem fantástica, espírito, ideia, ficção. Seja qual for a definição que encontremos para a palavra, na realidade ela será sempre um capricho da nossa imaginação. Mas maravilhoso é o facto de existir sempre a possibilidade de se realizar.

17 dezembro 2007

Só tu

Dos lábios que me beijaram,
Dos braços que me abraçaram
Já não me lembro, nem sei...
São tantas as que me amaram!
São tantas as que eu amei!
Mas tu - que rude contraste!
Tu, que jamais me beijaste,
Tu, que jamais abracei,
Só tu, nesta alma, ficaste,
De todas as que eu amei.



Paulo Setúbal

15 dezembro 2007

Além da terra, Além do céu

Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim
das estrelas, no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas. Além, muito além do sistema
solar,
até onde alcançam o pensamento
e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das
gramáticas
e do medo e da moeda e da
política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.


Carlos Drummond de Andrade

10 dezembro 2007

Voltas?

O mesmo café. O mesmo pedido. A mesma espera. O mesmo de sempre. Olho o açúcar que se afunda na espuma do café que o empregado solícito me trouxe mesmo sem eu pedir. Tantas foram as vezes que fiz aquele mesmo pedido. Tantas foram as vezes que esperei por ti, ali naquela mesma mesa. É só mais uma. Será a derradeira? Será que hoje me vais dizer o que não quero ouvir? A colher mexe o café comandada por uma mão esquecida. As voltas do café. As voltas do meu pensamento. Demoras mais do que eu previa. O coração acelera. As pernas tremem. As mãos ficam molhadas. Porque ainda não estás aqui? Será que vens? Ou será que não tens coragem? Apareces, enfim. Agora tudo pára em meu redor. Só te vejo a ti. Só te ouço a ti. A colher parou. Os pensamentos também. Olho estaticamente para ti. Tento perceber o que me queres dizer. O motivo do encontro. A surpresa. Pedes desculpa pelo atraso. Pedes desculpa pelo atraso do pedido de desculpas. Pedes desculpa pelo que fizeste. Pedes desculpa pelo que não fizeste. Pedes para voltar.. A colher volta a mexer o café já tão mexido. Os pensamentos entram num rodopio. O chão foge debaixo de mim. Tudo parece voltar ao que era. Mas será que é mesmo assim? Será que queres mesmo o que me propões? Não será já tarde demais? E mais uma vez tu pedes: “Voltas?”

09 dezembro 2007

será??

"a incerteza é a mãe da insegurança.."