
O meu olhar extasiado percorre cada traço, cada movimento e cada cadência. Tantas foram as vezes que para ti olhei e que por ti passei, mas tão poucas foram aquelas em que te entendi na tua essência... Agora que volto e te revejo no alto da tua imponência, voltam também as lembranças de sempre... Viste-me nascer, crescer e tornar-me mulher... Estiveste sempre ali nos momentos mais terríveis e nos mais maravilhosos. Momentos que não posso esquecer e que me acompanham para onde quer que eu vá. Conheces os meus fracassos e as derrotas anunciadas. Exultas nas minhas conquistas, nas glórias da juventude que agora vejo escapar nas águas turvas que te percorrem. Turvas, mas guardiãs de tantos segredos: meus, teus e de todos os que por ti passam. Segredos que te confidenciei em momentos em que mais nada ou ninguém me podia valer e que tão bem soubeste guardar. Quantas vezes chorei nos teus braços de irmã e amiga, os meus desamores. Quantas vezes me reconfortaste ao som do dedilhar das cordas da guitarra. Os teus cheiros, os teus sons, o teu movimento ficam para sempre na minha memória, emoldurando as imagens dos sítios, das pessoas e dos momentos que insistem em não desaparecer. És o meu porto seguro, as respostas às minhas perguntas, o palco das tragédias e comédias da minha vida. Quero lembrar-te para sempre assim jovem e bonita, com o teu passado tão próprio e um futuro que se espera brilhante. Voltarei sempre para te saudar e te admirar.
Porque tu és assim... Mais do que um espaço físico, és um sentimento.